O Instituto Politécnico de Castelo Branco como marca


Início do projecto

Chamados a desenvolver um novo projecto de design editorial para o Boletim informativo do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) os dois designers de comunicação convocados solicitaram autorização para apresentar um estudo mais profundo sobre a Identidade Visual Corporativa desse mesmo instituto – foi aceite.
Iniciado e terminado no ano de 2006 o projecto de Identidade Visual Corporativa do IPCB foi desenvolvido num espaço de tempo muito curto, sobretudo atendendo às naturais resistências à mudança e às próprias complexidades inerentes.
O projecto só foi possível pelo modo estruturado e fundamentado com que foi desenvolvido e pelo espírito de abertura e visão dos órgãos de gestão implicados.


Levantamento do existente

Se num passado recente a adopção da heráldica pelos municípios, escolas e entidades estatais, provavelmente, constituiu o maior Sistema de Identidade Visual Corporativa integrado realizado em Portugal, actualmente carece de reconhecimento público.
Ao iniciar o processo de investigação e análise do brasão do IPCB constatou-se que o código simbólico empregue pela heráldica não era suficientemente conhecido pelo público em geral.
Por outro lado, a complexidade própria de um brasão (quer ao nível da forma ou da cromática), tornava-se num impeditivo à memorização fácil e uma condicionante às possibilidades de redução ou aplicação em distintos suportes analógicos ou digitais. A quantidade de cores do brasão implicava que a impressão fosse no mínimo a quatro cores.
Assumindo o princípio de que uma marca gráfica tem como primeira função a diferenciação, o brasão do IPCB apresentava lacunas a esse nível. Na verdade, constatou-se que partilha demasiados elementos gráficos semelhantes ou iguais a outros brasões pertencentes a organismos militares ou de outros sectores.
Sendo que a emblemática da heráldica atribuída ao IPCB era constituída por um brasão de armas, uma bandeira e um selo, formalmente muito diferentes, não existiam critérios para o seu uso coerente, pelo que a instituição se fazia representar indiscriminadamente das três formas. Embora o uso do brasão fosse predominante, esta situação dificultava a criação de uma Identidade Visual marcante e facilmente identificável pelo público.
Ao nível da cor, embora no brasão se encontrassem diversas cores, a maioria das aplicações institucionais apresentavam-se em azul e amarelo, um contraste cromático acentuado no qual em determinados casos a fotografia chegava a ser bicromática. Constatou-se que esta selecção de cores em particular, esteva datada e que na fotografia causava uma sensação de velhice aos materiais impressos.
Analisadas de uma perspectiva global, as unidades orgânicas do IPCB apresentavam uma total descoordenação gráfica, distintas entre elas e por regra em nada relacionadas com o instituto, não formando um grupo. As marcas gráficas não se relacionavam, as aplicações em estacionário eram desregradas, os meios de comunicação e os web sites visualmente incoerentes e sem ligações entre si.
Em geral, a comunidade académica, em particular a estudantil fazia uma má aplicação do brasão e das marcas gráficas das escolas, proliferando sub-marcas e sub-aplicações em função do gosto.
Os designers realizaram um levantamento de notícias e discursos publicados pelos órgãos gestores das escolas e constaram que verbalmente se dava ênfase ao IPCB como um todo no qual as escolas são elos de junção. Confrontando-se estes dados com a Identidade Visual vigente, constatou-se que não havia correspondência entre os valores corporativos, entre a identidade e o modo como se comunica. Tornava-se importante que o plano gráfico transmitisse a conduta e o discurso próprios e individualizadores do IPCB.
Era fundamental que todos os objectos comunicacionais do IPCB e das suas unidades orgânicas apresentassem uma linguagem visual coerente entre si e nascente dos valores do Instituto.

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A proposta

O desafio era definir a Identidade Visual das sete unidades orgânicas e dos serviços centrais relacionando-as pela semântica e retórica, mas em simultâneo garantindo a identidade individual e o sentimento de pertença ao IPCB. Criar uma imagem unificadora do IPCB, preservando a identidade de cada unidade orgânica.
Para garantir a coerência e que individualmente cada marca gráfica transmitisse os valores reais do IPCB foi criada uma grelha de construção comum, como se de um conjunto de pictogramas se tratasse. O mesmo princípio de coerência visual foi adoptado na definição integrada de todos os suportes de comunicação visual.
Ao nível da tipografia, para todas as marcas gráficas e impressos do universo institucional foi seleccionada a Minerva Modern, por apresentar características simbólicas coerentes com os valores do IPCB e pela qualidade na impressão.

 

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Marca gráfica do IPCB

Após muita ponderação optou-se pela preservação da simbologia mais descritiva dos valores do IPCB. Num compromisso de revitalização das formas heráldicas, do aumento da sua contemporaneidade e da tradução gráfica dos valores do IPCB, foram seleccionados os elementos com maior capacidade de diferenciação e memorização, os que mais traduzem a essência da organização.
Considerado um símbolo com forte potencial de diferenciação, manteve-se o dragão, ser mitológico que simboliza sabedoria e desejo da inteligência.
Em alusão à nacionalidade destaca-se o escudo, que acaba por funcionar como elemento de interligação entre as várias marcas gráficas criadas.
Deu-se ênfase ao castelo que representa a cidade de Castelo Branco.
Do ponto de vista do desenho, procedeu-se à simplificação dos elementos representados com o objectivo de facilitar a memorização, a reprodução e a identificação.


Marcas gráficas das unidades orgânicas

A definição dos símbolos do IPCB e das suas unidades orgânicas foi desenvolvida pelos designers em constante diálogo com os responsáveis institucionais. Em geral, procuraram-se denominadores comuns dentro de cada escola, que em cada caso pretendem ser os símbolos mais directos para invocar a área de actuação principal sem perder a capacidade da diferenciação.
Para marcar o universo cromático do IPCB e assinalar as particulariedades de cada unidade orgânica, foi atribuída uma cor a cada escola, facilitando ainda a sua diferenciação.

 

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Coordenação da Identidade Visual Corporativa

Considerando que, para além dos “serviços gráficos do IPCB”, a maioria das unidades tem um funcionário encarregue de desenvolver objectos de comunicação e que muitas aplicações são desenvolvidas pela comunidade académica e geral, foi desenvolvido um manual de normas e um conjunto de kits de utilização correcta de cada marca gráfica.
Num estágio curricular, três alunos finalistas do Ramo Design Gráfico (actual curso de Design de Comunicação e Produção Audiovisual), procuraram prever e desenvolver todas as aplicações possíveis e passíveis de entrar no manual de normas gráficas, de modo a assegurar a coerência visual do sistema.
É de notar que actualmente ainda existem aspectos pontuais a corrigir ao nível da comunicação institucional, porém constata-se que o sistema de Identidade Visual funciona e é visível como a comunidade académica se apropria dos novos símbolos de forma saudável e coordenada.

 

Equipa de projecto

© Coordenação de design e autoria
Daniel Raposo
João Neves

Colaboração em design
Pedro Sarabando
Ricardo Queiráz
Paulo Piteira

 

 

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